quarta-feira, 18 de agosto de 2010

TURMAS DE PROJETO

Preconceito versus Racismo

A palavra preconceito já diz tudo: um conceito pré-concebido sem maiores análises. Ora analisando por esse aspecto, estamos todos os dias das nossas vidas praticando preconceito. Somente uma entidade onisciente poderia não ser preconceituosa, pois esta teria todo o conhecimento necessário para tomar uma decisão. Sempre que temos que tomar alguma decisão sobre algo que não conhecemos estamos agindo por preconceito. As pessoas inteligentes, ao perceberem que seus preconceitos não têm fundamento, mudam de idéia para se adaptar aos novos conceitos apreendidos. Alguns preconceitos mais comuns: preto é pobre; pobre é ladrão; mulher bonita é burra; homem vaidoso é viado; político (de direita) é ladrão; baiano é preguiçoso; judeu é sovina; americano é ignorante; brasileiro é esperto, e assim vai. O preconceito é um mecanismo que o ser humano desenvolve para lidar com fatores desconhecidos. Aqueles que são razoavelmente inteligentes e não possuem nenhuma patologia de ordem mental, logo percebem a veracidade ou não do seu conceito pré-estabelecido e realizam as devidas correções.

Se uma pessoa que nunca teve contato com a realidade em que vivemos estiver num ônibus e um grupo de azuis entrar nele, provavelmente ela não terá nenhuma reação pois não há em suas experiências passadas nada que relacione um grupo de azuis a assalto ou violência. Por outro lado, alguém que tenha sido assaltado diversas vezes por grupos pessoas azuis, irá reagir de outra forma ficando apreensivo e nervoso mesmo. Se, eventualmente, esses azuis se revelarem pessoas de bem, o nervosismo e a apreensão logo desaparecem. Isso é o preconceito em ação.

Outro exemplo ainda mais claro: se eu passo na Avenida Atlântica, em Copacabana, um reconhecido ponto de prostituição, e vejo uma mulher vestida com uma mini-saia, botas até o joelho, batom vermelho-sangue e top de couro, meu preconceito dirá que ela é uma prostituta. Sim, meu preconceito, pois a única base que eu tenho para afirmar que a mulher vende sexo é o modo que ela está se vestindo. Quanto mais experiências acumulamos na vida mais os nossos preconceitos se aproximam de uma realidade (neste caso de Copacabana é bem provável que a mulher fosse mesmo uma prostituta ao invés de uma cientista nuclear excêntrica esperando por um táxi).

E o racismo? Bem, como nome também deixa bem claro é seguir uma doutrina baseada na raça (o sufixo ista designa seguidor de uma doutrina, partidário, sectário) . Para um racista, por exemplo, não importa se um azul é inteligente, honesto e amigável, ele simplesmente não tolera a raça azul. Não importa quanto contato o racista tenha com um azul, sempre vai haver aversão e, na melhor das hipóteses, tolerância. Ele não está antecipando nada em relação a uma pessoa azul, ele simplesmente não gosta da raça e ponto final. Às vezes o Estado promove é quem o racismo, como no caso das cotas raciais. O Estado não quer saber se o candidato negro é rico, inteligente, estudioso e, portanto, totalmente habilitado a passar no vestibular. Simplesmente o Estado destina x por cento das vagas exclusivamente aos negros, em detrimento de pessoas brancas em piores condições. Ao tomar uma decisão seguindo única e exclusivamente uma doutrina baseada na raça, o Estado praticou o mais puro racismo, mesmo que se queira chamar de outro nome mais bonitinho.

Basicamente esta é a diferença que eu vejo entre um preconceituoso e um racista. Este segue uma doutrina fundada na raça e não se importa com as características individuais dos membros dos grupos étnicos. Já para o preconceituoso, a raça pode ser apenas um parâmetro para suportar uma tomada de decisão que, posteriormente quando houver mais informações disponíveis, poderá se mostrar válido ou não.

NEGROS

Negros que escravizam

E vendem negros na África

Não são meus irmãos

Negros senhores na América

A serviço do capital

Não são meus irmãos

Negros opressores

Em qualquer parte do mundo

Não são meus irmãos

Só os negros oprimidos

Escravizados

Em luta por liberdade

São meus irmãos

Para estes tenho um poema

Grande como o Nilo.

discriminação racial, presentes no nosso cotidiano. Embora sejam assuntos deixados de lado pela maioria da nossa sociedade e encobertos pela falsa “democracia racial”, o racismo, que prende-se à idéia da existência da raças “superiores” e raças “inferiores”, o preconceito racial, que é o conceito prévio com relação a uma determinada raça e; a discriminação racial, são práticas que devem ser combatidas. O combate a essas atitudes estão regulamentadas através da Constituição e de leis específicas que precisam ser divulgadas, e mais que isso, colocadas em funcionamento para que possamos erradicar, de uma vez por todas, uma das maiores injustiças sociais do nosso país. Salientamos, no entanto, que a existência e a aplicação das leis não são suficientes para que os objetivos acima citados sejam alcançados. É necessário consciência e solidariedade. Consciência para se ter a clara compreensão do racismo como uma forma desumana e cruel contra uma determinada raça e banirmos a falsa idéia da existência de raças “superiores” e “inferiores”. Solidariedade para perceber que a discriminação racial, quando atinge a pessoa negra, por extensão, não só atinge todo povo negro, mas também todo ser humano, independente da cor ou raça.

No processo de luta contra o racismo é da maior importância construirmos uma identidade afro-brasileira. Não para desbancar a idéia de brasilidade, mas para que, a partir dessa construção, os negros possam exercer, de forma plena, sua cidadania e lutar contra o racismo.

Mostrar que é impossível a construção da cidadania do povo negro nos limites da sociedade atual e que o combate ao racismo é importante, seja na construção de um modelo de desenvolvimento para o Brasil e para as nossas cidades, como, para pensarmos uma sociedade mais justa e igualitária.

A Constituição Federal do Brasil de 1988, tornou crime o racismo; a discriminação e a prática de atos de preconceito racial de qualquer natureza. Em razão disso, estamos publicando o que diz nossa Constituição, juntamente com leis que complementam e regulamentam os crimes citados, no sentido de levar ao conhecimento de todos(as) que se sentirem atingidos(as), instrumentos que possibilitem a g??arantia dos seus direitos de cidadão(ã). Como também aqueles(as) que se sensibilizem com a questão e tenham o firme propósito de lutar pela justiça e a igualdade social no nosso país.

No sentido de procurar esclarecer a tremenda desigualdade social em nosso país com relação a questão racial, colocamos alguns dados que desmistificam a falsa idéia da “democracia racial” no nosso país, como por exemplo: o rendimento médio dos homens brancos no Brasil é quase duas vezes e meia maior que o de homens negros e quase quatro vezes mais que as mulheres negras, segundo dados do IBGE.

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