quarta-feira, 11 de junho de 2008

A Era Napoleônica – 2ºANO/08
A Europa viveu um período de grande intranqüilidade após a revolução
francesa. De um lado, a burguesia francesa não tinha paz com
as constantes ameaças de monarquistas e revolucionários
radicais. Ela precisava de um grande líder que consolidasse a
revolução burguesa no país. Terminou escolhendo
Napoleão Bonaparte, que se tornaria um dos personagens mais
controvertidos da história ocidental. Do outro lado, as
monarquias tradicionais européias temiam o avanço dos
ideais revolucionários em seus países. Acabaram se
aliando para lutar contra o expansionismo francês. Era a reação
conservadora para manter o Antigo Regime.
Com o golpe de Estado de 10 de novembro de 1799, Napoleão Bonaparte tornou-se a mais importante figura da vida política francesa. Teve início
à chamada era napoleônico, um período de
aproximadamente 15 anos, que pode ser dividido em: Consulado,
Império e Governo dos Cem Dias.

O Consulado


Derrubado o poder do Diretório, instalou-se o governo do Consulado, do qual
participavam Napoleão Bonaparte e mais dois outros cônsules:
Roger Ducos e Sieyes.Em dezembro de 1799,
foi votada uma Constituição que fornecia amplos poderes
a Napoleão, que fora eleito primeiro-cônsul da
república. Teve inicio, então, umas verdadeiras
ditaduras militares, disfarçadas pelas instituições
aparentemente democráticas criadas pela Constituição
(Senado, Tribunal, Corpo Legislativo e Conselho de Estado).
Napoleão Bonaparte destacou-se no período em que a França,
preocupada em reorganizar seus exércitos, aproveitou a
explosão de nacionalismo para implantar o serviço
militar obrigatório e acabar com o emprego de tropas
mercenárias. Indicado pelo Diretório para reorganizar
as tropas francesas, Napoleão comandou a Campanha da Itália
(1796), obtendo sucessivas vitórias.
Apesar das inúmeras conquistas, faltava à França vencer sua primeira
rival-a Inglaterra, dona de uma poderosa frota naval que supria suas
indústrias com as matérias-primas coloniais. Na
tentativa de derrotar a Inglaterra, a alta burguesia francesa
encarregou Napoleão de atacar os pontos vulneráveis do
poderio britânico, tentando bloquear o acesso aos produtos
vindos do Egito. Em virtude das novas
alianças européias contra a França-em 1799
forma-se a segunda Coligação antifrancesa (Inglaterra,
Áustria, Rússia e Turquia), que intervém na
Itália, no Reno e na Holanda, Napoleão voltou para a
França, encontrando o país à beira do caos. O
enfraquecimento do governo francês, incapaz de promover a
pacificação interna, comprometia o desenvolvimento
econômico do país devido à paralisação
dos negócios e ao déficit público. Descontentes,
os banqueiros financiaram a reorganização das tripas de
Napoleão. Em novembro de 1799, o general aplicou um golpe do
Estado (18 Brumário), depondo o Diretório e implantando
o regime do Consulado-uma ditadura militar.

As principais
realizações

O Consulado foi marcado pela recuperação econômica da França
e pala sua reorganização administrativa. Entre as
principais realizações dirigidas por Napoleão
nesse período, podemos destacar:

administração-centralizaçao administrativa,
com a nomeação de funcionários de sua confiança
pessoal para os mais diversos cargos da administração
pública.
_economia-criação
do Banco da França (1800), que controlava a emissão de
moedas, diminuindo o processo inflacionário. Tarifas
protecionistas e a construção de obras públicas
fortaleceram o comércio e a indústria.

_educação-reorganização
do ensino francês, quer passou a ter como principal missão
a formação de cidadões capazes de servir ao
Estado. A educação era utilizada como meio de controle
do comportamento político e social dos cidadões.
_direito-elaboração
de novos códigos jurídicos, como Código Civil,
também conhecido como Código Napoleônico
(concluído em 1804). O Código Napoleônico
consagrava as aspirações da burguesia, como a
liberdade individual, a igualdade de todos perante a lei, o respeito
à propriedade privada e o matrimônio civil separado do
religioso. Observa Leo Huberman que o Código Napoleônico
tem cerca de 2000 artigos, dos quais sete tratam apenas do trabalho e
cerca de 800, na propriedade privada. Os sindicatos e as greves são
proibidos, mas as associações de empregadores,
permitidas. Numa disputa judicial sobre salários, o Código
determina que o depoimento do patrão, e não o do
empregado, é que deve ser levado em conta. O Código foi
feito pela burguesia e para a burguesia: foi feito pelos donos da
propriedade para a proteção da propriedade.
_igreja-elaboração
de um acordo (concordata, em 1801) entre a Igreja Católica e o
Estado Francês, tendo como objetivo fazer da religião um
instrumento de poder político. O Papa reconhecia o confisco
das propriedades da Igreja, em troca do amparo do Estado ao Clero.
Por sua vez, Napoleão reconhecia o catolicismo com a religião
da maioria dos franceses, mas reservava para si o direito de designar
bispos, cujos nomes seriam, posteriormente, aprovados pelo Papa.
Império
Mediante novo
plebiscito, em 1804 Napoleão Bonaparte fez-se coroar
imperador dos franceses como o título de Napoleão I,
substituindo regime de Consolado pelo de Império. Com isto
pôde agraciar seus familiares e agregados com títulos,
honrarias e altos cargos, o que resultou no aparecimento de um novo
grupo aristocrático.

Napoleão I
empregou todas as suas forças no sentido de liquidar o poderio
inglês e estabelecer o império universal. Na verdade,
estes objetivos significavam de um lado a luta de uma nação
capitalista burguesa (a França) contra uma Europa Continental
Absolutista Aristocrática; de outro, a luta entre duas nações
burguesa (França e Inglaterra) pela hegemonia
político-econômica e pela supremacia colonial.

Coligação
conta à França

Com imperador comandante supremo das forças armadas, Napoleão moveu
uma série de guerras para expandir o domínio da França.
O exército francês foi fortalecido em armas e em
soldados, mediante o recrutamento em massa dos cidadões.

Desde o final do século XVIII, os países europeus procuravam formar coligações,
a fim de resistir á difusão das idéias
liberais advindas da Revolução Francesa e ao
expansionismo napoleônico.Assim, liderados pela Inglaterra,
Áustria, Prússia e Rússia formaram uma coligação
para lutar contra o império francês.

Em 21 de outubro de 1805, Napoleão tentou invadir a Inglaterra, mas a marinha
francesa foi derrotada pelos ingleses, comandados pelo almirante
Nelson, na Batalha de Trafalgar. Recuperando-se rapidamente
dessa derrota marítima (que afirmou o poderio naval
britânico), Napoleão conseguiu brilhantes vitórias
sobre a Áustria, na Batalha de Austerlitz (dezembro de
1805) e sobre os exércitos prussianos(1806) e russo(1807).

O bloqueio
continental

Em 1806, Napoleão decretou o Bloqueio Continental à Inglaterra, determinando que
todos os países do continente europeu fechassem seus portos ao
comércio inglês. Assinando com a França a Paz de
Tilsit (7 de julho de 1807), o czar russo Alexandre I também
aderiu ao bloqueio. O objetivo de Napoleão era arruinar
economicamente a Inglaterra.

Portugal, depois de muita indefinição, não aderiu ao Bloqueio
Continental. As tropas francesas, comandadas pelo General Junot,
invadiram o país, obrigando D. João VI a fugir para o
Brasil. Assim, no continente europeu, somente os povos espanhóis,
apoiados pelos ingleses, após resistência ao domínio
francês, representado pelo José I, irmão de
Napoleão, que acabou sendo proclamado rei da Espanha (junho de
1808).

O ponto fraco do Imperialismo Francês – a marinha – tornou se evidente após
a derrota naval para Inglaterra em Trafalgar. Napoleão,
pretendendo enfraquecer economicamente os ingleses, decretou em 1806
o Bloqueio Continental. Com essa medida proibia os países
europeus de comerciarem com os ingleses. Isto só foi possível
porque Napoleão dominava grande parte do Leste Europeu, além
de contar com apoio russo.

A princípio o Bloqueio Continental alcançou o objetivo desejado, pois a Grã
Bretanha teve uma queda em suas exportações. Tal
situação, porém durou pouco.

Na maioria dos países aliados aos franceses, a base da economia era agricultura. Esse fato
tornava tais nações dependentes da exportação
de matérias-primas para a Inglaterra, em troca das mercadorias
produzias pelas indústrias inglesas. Por isso. O Bloqueio
Continental começou a perder força e adesão.

Ao mesmo tempo, a paralisação dos portos começou a causar danos à
economia da própria França. A renda do país
diminui, motivando uma oposição crescente da burguesia
ao imperador.

A decadência
do Império




A partir de 1810 a política de Napoleão começou a ser contestada.
Na França, a população lamentava os milhares de
soldados franceses sacrificados nos campos de batalha. Acrescenta-se
a isso a reação nacionalista dos povos
conquistados.No setor econômico, o Bloqueio imposto á Inglaterra não surtiu os efeitos
desejados. Grande parte dos países europeus sob a influência
de Napoleão tinha uma economia agrária e sentia
necessidade dos produtos industrializados ingleses. A falta desses
produtos estimulava o contrabando com a Inglaterra e a elevação
dos preços de diversas mercadorias.

Embora tivesse aderido ao Bloqueio Continental, a Rússia, que era um país
basicamente agrícola, foi obrigada a abandoná-lo em
dezembro de 1810. Enfrentando grave crise econômica, precisava
trocar o excesso de sua produção de cereais por
produtos industriais ingleses.

A resistência
européia a Napoleão

O primeiro grande foco da revolta contra o imperador Napoleão foi a Espanha. A
população espanhola, que jamais aceitará a
imposição de José Bonaparte com rei, passou a
organizar governos populares locais – as juntas provinciais -, que
armavam tropas para combater os invasores. Apesar de mobilizar os
melhores efetivos militares contra o povo espanhol, Napoleão
sofreu suas primeiras derrotas em face do apoio inglês dado aos
povos ibéricos. Em princípio de 1809, surgiu um
movimento nacionalista de libertação, que obrigou
Bonaparte a abandonar a Espanha para enfrentar a Quinta Coligação
(Inglaterra e Áustria). Apesar dos reveses iniciais, os
franceses saíram vencedores na Batalha de Wagram contra os
austríacos. Com a derrota, a Áustria teve seu
território retalhado e a sua força militar reduzida,
sendo obrigada a selar, através do novo ministro Metternich,
uma aliança com a França.

Governo
dos Cem Dias

Em março de
1815, Napoleão Bonaparte decidiu regressar à França,
prometendo reformas democráticas. O rei era impopular e
as tropas enviadas para prender Napoleão acabaram unindo se a
ele aos gritos de Viva o Imperador. Chegando a Paris como herói,
Napoleão instalou-se no poder, obrigando a fuga da família real.

Sua permanência no poder, entretanto, durou apenas cem dias. Nova coligação
de forças internacionais marchou conta à França,
conseguindo derrotar definitivamente Napoleão, na batalha de
Waterloo, em 18 de junho de 1815. Preso pelos ingleses,
Napoleão foi exilado na ilha de Santa Helena, no Oceano
Atlântico, onde permaneceu até a morte, em 05 de maio de
1821. Luiz XVIII, ainda em 1815, foi reconduzido ao trono francês.

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